Fórum Brasil-África
Está sendo realizado em Fortaleza o Fórum Brasil-África, que conta com a participação de acadêmicos, diplomatas, empresários e representantes de ministérios e órgãos públicos do Brasil e de diversos países africanos. A ideia dos organizadores é promover o debate sobre a aproximação do Brasil com a África e da África com o Brasil.
As relações do Brasil com o continente africano passaram por um grande avanço, em diversos campos, durante os dois governos do presidente Lula. Em termos de comércio, o intercâmbio cresceu vigorosamente. Em 2002, o valor total do comércio bilateral era de aproximadamente 5 bilhões de dólares; já em 2008 esse montante se aproximava dos 30 bilhões de dólares.
A rede diplomática brasileira na África também cresceu. Passamos a ter 37 embaixadas e dois consulados gerais (um na Nigéria e outro na África do Sul). O número de representações no continente superou até mesmo o ponto máximo verificado no auge da política africana brasileira dos regimes militares, que não chegou a ultrapassar 35 representações.
Outra área muita desenvolvida durante os últimos dez anos foi a da cooperação. O Brasil, que já prestava cooperação com a África desde a década de 1970, diversificou os programas e os países recipiendários. Agora, o grande problema do Brasil é administrar melhor os diversos programas direcionados aos africanos.
O setor que apresenta mais novidades é o de investimentos. Algumas empresas brasileiras em processo de internacionalização descobriram o potencial africano e estão investindo pesado em alguns países do continente. Nesse caso, não se trata apenas de investimentos públicos, mas também e principalmente da presença da iniciativa privada. Assim, grandes, médias e pequenas empresas estão aumentando os seus investimentos na África.
Entre as grandes empresas brasileiras presentes nos mercados africanos podemos citar: Vale, Petrobrás, Banco do Brasil, Votorantim, Odebrecht, Stefanini IT Solutions, Camargo Correa, Marfrig, Randon e Macopolo. Dentre as médias e menores se destacam as franquias O Boticário, Escolas Fisk e Via Uno. Note-se que essa lista não é completa, apenas ilustra e exemplifica a diversidade de empresas que já estão atuando na África.
Há muitas possibilidades para os investidores brasileiros no mercado africano. O continente tem sido visto como uma nova fronteira para investimentos, sobretudo pela retomada do crescimento econômico, uma vez que pelo menos há uma década os países africanos, no geral, vem mantendo taxas de crescimento bem superiores às dos países latino-americanos.
Isso se revela, por exemplo, no crescimento da classe média africana. Pesquisa realizada pelo Banco de Desenvolvimento Africano revelou que aproximadamente um terço da população africana está na classe média, um salto extraordinário se comparado com o seu diminuto tamanha no início dos anos 1990. (Os dados são os seguintes: em 1990, 151 milhões de pessoas compunham a classe média. Em 2000, esse número havia aumentado para 196 milhões. Já em 2011, eram 313 milhões!).
Enfim, existem muitas possibilidades para o Brasil na África. Não se trata apenas de comércio e investimentos. Temos um grande diferencial com relação a praticamente todos os outros países quando o assunto é África, afinal de contas, a África, de alguma forma, corre em nosso sangue e faz parte da nossa realidade desde o início.
Por Pio Penna Filho
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