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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O cordão dos puxa-sacos

O cordão dos puxa-sacos


09/1945


Autor: E. Frazão e Roberto Martins
Intérprete: Anjos do Inferno
Gênero: Marcha


A marchinha começa citando “No bico da chaleira”, de Juca Storoni, sucesso estrondoso do carnaval de 1909 (ver CD “República Velha”), um clássico na gozação dos aduladores que infestam a política. Mas ela não se limita a olhar para o passado. Fala também sobre o momento político que o país atravessava, marcado pelo enfraquecimento de Getulio Vargas, pelo avanço do processo de democratização e pelas negociações políticas visando às eleições que se aproximavam. “Quanta reverência nos cordões eleitorais / Se o doutor cai do galho e vai ao chão”, cantava a marchinha, referindo-se a Getulio, “a turma toda evolui de opinião”. E terminava com um verso que se transformou num bordão tanto na política como na música popular brasileira: “E o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais”.

“Iaiá me deixa
Subir essa ladeira
Eu sou do bloco
Mas não pego na chaleira

Lá vem o cordão dos puxa-sacos
Dando “vivas” aos seus maiorais
Quem está na frente é passado pra trás
E o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais

Vossa Excelência, Vossa Eminência
Quanta reverência nos cordões eleitorais
Mas se o doutor cai do galho e vai ao chão
A turma toda evolui de opinião
E o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais”

fonte: http://www.franklinmartins.com.br

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Conheça a história do cangaço e as duas faces de Lampião

Comandados por Lampião, os cangaceiros armados invadiam cidades, vilas e fazendas. Em contraste ao lado sanguinário, Lampião tinha habilidades com máquina de costura.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Crônica publicada no jornal Gazeta de Notícias, em 19 de maio de 1888

Crônica publicada no jornal Gazeta de Notícias, em 19 de maio de 1888.


Bons dias!

Eu pertenço a uma família de profetas post factum, depois do gato morto ou qualquer outro nome que queira... pois digo que toda a história desta lei de 13 de maio já estava por mim prevista...
Tanto que antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos...
Alforriá-lo não era nada.
Entendi que perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.

Neste jantar, ao qual meus amigos deram o nome de banquete, reuni umas cinco pessoas...
Mas os jornais disseram trinta e três (idade de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico.

No meio da cerimônia, me levantei com a taça de champanha
E declarei que acompanhando as idéias pregadas por Cristo, há dezoito séculos,
restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio;
Que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas idéias e imitar o meu exemplo;
E disse ainda que a liberdade era um dom de Deus, o qual os homens não podiam roubar sem pecado.

Pancrácio, que estava ali do lado, entrou na sala, como um furacão, e veio me abraçar os pés.
Um dos meus amigos (creio que meu sobrinho) pegou outra taça, e pediu aos demais que também brindassem o mais ilustre dos cariocas...
Ouvi a tudo cabisbaixo;
Fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote.
Caí na cadeira e não vi mais nada.
De noite, recebi muitos cartões! Creio que estão pintando o meu retrato a óleo.

No dia seguinte, chamei o Pancrácio e lhe disse com rara franqueza:
- Você é livre. Pode ir pra onde quiser. Aqui terá casa amiga, já conhecida e um ordenado, um ordenado que...
- Oh! meu senhô! Eu fico – ele me disse.
- ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer – continuei.
Tudo cresce neste mundo. Sabe, quando você nasceu, era um pirralho dêste tamanho;
Hoje estás mais alto do que eu. Deixa ver; olha, está quatro dedos mais alto...
- Artura não qué dizê nada, não, senhô...
- Pequeno ordenado, repito, uns seis mil. Mas é de grão em grão que a galinha enche o papo. E você vale muito mais do que uma galinha.
- Justamente. Pois seis mil, no fim de um ano, se correr tudo bem, conta com oito. Oito ou sete.

Pancrácio aceitou tudo; Até um peteleco que lhe dei no dia seguinte por não ter escovado bem as minhas botas;
Mas eu expliquei a ele que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei.
Êle continuava livre, eu de mau humor;
Eram dois estados naturais, quase divinos.

Tudo compreendeu o meu bom escravo;
De lá pra cá, tenho-lhe dado alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas,
E o chamo de bêsta quando lhe não chamo filho do diabo;
Coisas que êle recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que alegre.

Tracei um plano.
Quero ser deputado.
Na carta que enviarei aos meus eleitores, direi que, antes,
Muito antes da abolição legal, em minha casa, eu libertava um escravo
que hoje tendo aprendido a ler, escrever e contar, (assim suponho) é então professor de filosofia no Rio das Cobras;
E por último direi que os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem à lei,
Mas aqueles que se antecipam a ela, dizendo ao escravo: “És livre”,
Antes mesmo que o digam os poderes públicos, sempre incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu.

Boas noites.


Texto extraído do livro
Obra Completa, Vol III. Machado de Assis. 3ª edição. José Aguilar, Rio de Janeiro. 1973. p. 489 - 491.

Confira a interpretação da crônica de Machado de Assis por Odair de Morais

Machado de AssisCrônica publicada no jornal carioca Gazeta de Notícias, em 19 de maio de 1888, ou seja, seis dias após a abolição oficial da escravatura no Brasil com a promulgação da Lei Áurea.Repare a fina ironia de Machado ao utilizar como narrador um personagem extraído da alta sociedade proprietário de escravos e certo prestígio perante a imprensa e a população local como um todo. Para melhor entendimento por parte do leitor atual, nem sempre muito dado à literatura, tomamos a iniciativa de adaptar livremente a linguagem, assim como temos visto ser feito por diversos meios de comunicação.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011