CNDL
SOCIOLOGIA
Terceiro Ano
Unidade 3
Questões étnico-raciais e as
relações de gênero
Teste seus conhecimentos
1. (PITÁGORAS) Leia o fragmento a
seguir.
“Ao afirmar que “o pessoal é político”, o
feminismo trás para o espaço da discussão política as questões até então vistas
e tratadas como específicas do privado, quebrando a dicotomia público-privado
base de todo o pensamento liberal sobre as especificidades da política e do
poder político. O movimento ressignificou o poder político e a forma de
entender a política ao colocar novos espaços no privado e no domestico. Sua
força está em recolocar a forma de entender a política e o poder, de questionar
o conteúdo formal que se atribuiu ao poder a as formas em que é exercido.
Distingue-se dos outros movimentos de mulheres por defender os interesses de
gênero das mulheres, por questionar os
sistemas culturais e políticos construídos a partir dos papeis de gênero
historicamente atribuídos às mulheres, pela definição da sua autonomia em
relação a outros movimentos, organizações e o Estado e pelo princípio
organizativo da horizontalidade, isto é, da não
existência de esferas de decisões hierarquizadas ( Alvarez,1990:23).”
Ana
Alice Alcântara Costa (“O movimento feminista no Brasil: dinâmicas de uma
intervenção política”,
publicado em 2005,Revistas Labrys).
Assinale a alternativa que
EXPRESSA, através de um provérbio popular, um endosso à separação entre o
espaço público e o espaço privado.
a) em terra de cegos quem tem
olho é rei.
b) em casa de ferreiro, espeto é
de pau.
c) em briga de marido e mulher,
ninguém mete a colher.
d) Escada se varre de cima pra
baixo.
e) Em Roma, como os romanos.
resposta:[C]
2. (Unioeste 2011) “Na segunda metade do século XX, a tendência
à superação das ideias racistas permitiu que diferentes povos e culturas fossem
percebidos a partir de suas especificidades. Grupos de negros pressionaram pela
adoção de medidas legais que garantissem a eles igualdade de condições e
combatessem a segregação racial. Chegamos então ao ponto em que nos
encontramos, tendo que tirar o atraso de décadas de descaso por assuntos
referentes à África”.
Marina de Mello e Souza. A descoberta da África. RHBN, ano 4, n.
38, novembro de 2008, p.72-75.
A partir deste texto e do
conhecimento da sociologia a respeito da questão racial em nosso país, é
possível afirma que
a) autores como Gilberto Freyre,
Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, entre outros
tantos autores, são importantes por chamarem a atenção do país para o papel dos
negros na construção do Brasil e da brasilidade, e as formas de exclusão
explícitas e implícitas que sofreram.
b) apesar de relevante a luta
contra o preconceito racial, o estudo da África só diria respeito ao
conhecimento do passado, do período do Descobrimento do Brasil até a abolição
da escravidão entre nós.
c) estudar a África só nos
indicaria a captura e a escravidão de diferentes povos africanos, tendo em
vista que raça e o racismo são categorias ideológicas as quais servem para
encobrir as fortes tensões sociais existentes entre a imensa classe de pobres e
o seu oposto a dos ricos.
d) a autora quer dizer que
devemos hoje operar cada vez mais com categorias tais como a especificidade da
raça negra, da raça branca, da raça amarela e outras mais.
e) nenhuma das alternativas está
correta.
Resposta:[D]
Somente a alternativa [D] está
correta. O estudo da África passou a fazer sentido quando o racismo e as ideias
de raça deixaram de fazer parte da linguagem científica, sendo considerados
como mera construção ideológica.
3. (UEL 2012) No debate sobre as
cotas para o ingresso dos negros nas universidades públicas, reapareceram, de
forma recorrente, argumentos favoráveis e contrários à adoção dessa política
afirmativa. Os trechos reproduzidos a seguir constituem exemplos desses
argumentos. Em um país onde a maioria do povo se vê misturada, como combater as
desigualdades com base em uma interpretação do Brasil dividido em “negros” e
“brancos”? Depois de divididos, poderão então lutar entre si por cotas, não
pelos direitos universais, mas por migalhas que sobraram do banquete que
continuará sendo servido à elite. Assim sendo, o foco na renda parece atender
mais à questão racial e não introduzir injustiça horizontal, ou seja,
tratamento diferenciado de iguais.
(Adaptado de: Yvonne Maggie
(Antropóloga da UFRJ). O Estado de São Paulo. 7 mar. 2010. Este artigo de
Yvonne Maggie serviu de base para o seu pronunciamento lido por George Zarur na
audiência pública sobre ações afirmativas convocada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) em março de 2010.)
Desde 1996 me posicionei a favor
de ações afirmativas para negros na sociedade brasileira. Vieram as cotas e as
apoiei, como continuo fazendo, porque acho que vão na direção certa – incluir
socialmente os setores menos competitivos – embora saiba que o problema é muito
maior e mais amplo. Tenho apoiado todas as medidas que diminuam a pobreza ou
favoreçam a mobilidade social e todas as que combatam diretamente as
discriminações raciais e a propagação dos preconceitos raciais. Em curto prazo,
funcionam as políticas de ação afirmativa; em longo prazo, funcionam políticas
que efetivamente universalizem o acesso a bens e serviços.
(Antônio Sérgio Guimarães
(Sociólogo da USP)
Entrevista concedida à Ação
Educativa. Disponível em:. Acesso em: 30 jun. 2011.)
Resposta esperada:
Espera-se que o candidato analise
as políticas brasileiras de ação afirmativa, no caso, a política de cotas para
negros nas universidades, a partir das teorias de Freyre e de Fernandes
(sabendo-se que esses autores não se debruçaram sobre a questão das cotas),
comparando-as, dessa forma, aos argumentos favoráveis e desfavoráveis presentes
nos textos lidos na questão. Espera-se, além disso, que o candidato seja capaz
de mobilizar conceitos, tais como: raça, cor, desigualdade, diversidade,
miscigenação e democracia racial.
4. (PITÁGORAS) Uma das demandas de movimentos contemporâneos
por igualdade de direitos é a superação de preconceitos inscritos em expressões
de fala do nosso cotidiano.
Assinale, dentre as frases a seguir, aquela que NÃO expressa
a naturalização de preconceitos ou subordinação de pessoas de acordo com sua
cor/raça, gênero ou classe.
a) "Mulher no volante, perigo constante".
b) "O homem veio do macaco".
c) "Bom dia para todos e para todas".
d) "A mulher foi feita a partir da costela do
homem".
e) "Aquele lugar só é frequentado por gente
'feia'".
Resposta:[C]
5. (PITÁGORAS) Desde o ano de 1991 o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística vem se utilizando das seguintes opções de classificação
racial para identificar seus entrevistados: branco, pardo, preto, amarelo e
indígena.
Dentre as classificações a seguir, assinale aquela que
INDICA quais tipos de características que estão incluídas nessa classificação.
a) Raciais e de cor.
b) Raciais, de cor e de nacionalidade.
c) Raciais, de cor e étnicas.
d) De cor, étnicas e de gênero.
e) De cor, étnicas e de nacionalidade.
resposta:[A]
6. (PITÁGORAS) Assinale a alternativa que APRESENTA os
principais grupos (ou matrizes) raciais que compõem o "brasileiro",
de acordo com Gilberto Freyre.
a) Português, indígena e negro.
b) Mouro, indígena e africano.
c) Português, mouro e indígena.
d) Negro, indígena e europeu.
e) Português, inglês e negro.
resposta:[A]
7. (PITÁGORAS) Leia o trecho a seguir.
Em 1949,
a francesa Simone de Beauvoir faria publicar o seu livro
O segundo sexo. Em passagem célebre, a autora aponta que não são características
naturais que conformam as nossas identidades de gênero na sociedade. “Ninguém
nasce mulher, torna-se mulher”.
Vale a pena refletirmos acerca dos elementos que nos
diferenciam enquanto homens e mulheres. Segundo esta autora, os diferenciais de
gênero tem muito mais amparo na cultura do que na natureza. É a nossa formação
social, tanto em casa quanto na escola e na rua, que nos ensina a nos
diferenciarmos enquanto mulheres ou homens. Aprendemos quais roupas devemos
vestir, quais cores gostar, quais atividades nos são mais próprias. Enfim, é a
sociedade e não a natureza que estabelece as diferenças de gênero.
O senso comum, no entanto, fornece-nos uma explicação
distinta para as diferenças entre homens e mulheres. É muito habitual que as
pessoas utilizem de raciocínios de ordem biológica ou natural para formular os
diferenciais de gênero.
Assinale a alternativa onde se pode RECONHECER um raciocínio
de ordem cultural, tal qual vimos expresso na frase de Simone de Beauvoir.
a) As mulheres são o sexo-frágil e por isso precisam ser
protegidas pelos homens. Homens são mais fortes física e emocionalmente.
b) Cuidar dos filhos é tarefa primordial das mulheres. Elas
ficam grávidas, os homens não. Apenas eles devem trabalhar fora de casa.
c) Os homens, mais fortes e decididos que são, devem ser os
chefes da casa. As mulheres devem ser suas apoiadoras.
d) Ao incentivarmos meninos pequenos a brincarem de carrinho
e de luta, e meninas a brincarem de boneca e de cozinha, estamos formando suas
personalidades para a vida adulta.
e) As mulheres são mais aptas ao contato humano, ao cuidado
inter-pessoal. Por isso vemos tantas enfermeiras mulheres, e não homens.
resposta:[D]
8. (PITÁGORAS) Assinale a alternativa que CARACTERIZA uma
situação de diferenciais de renda entre homens e mulheres em uma dada
sociedade.
a) Desigualdade de gênero.
b) Diferença de gênero.
c) Preconceito masculino.
d) Diferenciais de desigualdade.
e) Sexismo desigual.
resposta:[A]
9. (PITÁGORAS) Assinale a alternativa a seguir que melhor
completa o texto que segue.
Um dos temas mais ricos da reflexão atual acerca das
relações de gênero é a insuficiência do __________ homem/mulher. Segundo alguns
autores e autoras, assistimos a um processo de______________ das identidades no
mundo contemporâneo. Representativo disso é o fato de que___________ passaram a
se preocupar mais com sua estética, assim como ___________ assumiram posições
de poder e deixaram de se colocar como a parte frágil da sociedade. Além disso,
alguns movimentos sociais tem recolocado demais identificações de gênero em um
lugar de destaque nas reflexões contemporâneas. Os grupos GLBT (gays, lésbicas,
bissexuais e transexuais), apesar das grandes barreiras ideológicas que
enfrentam, tem conquistado um lugar de relevo na afirmação de suas identidades.
O tema citado que REFLETE a desconstrução das identidades na
contemporaneidade é
a) conceito – desconstrução - as mulheres - os homens
b) ideal - reafirmação - os homens - as mulheres
c) binarismo – desconstrução - os homens - as mulheres
d) conceito - reafirmação - muitos - as pessoas
e) binarismo – reforço – os homens – não.
resposta:[C]
10. (PITÁGORAS) Leia o texto e identifique a alternativa que
melhor responde à questão que o segue:
Um Brasil de cotas raciais?
[...]
“A maneira mais efetiva de reduzir as desigualdades sociais
é pela generalização da educação basica de qualidade e pela abertura de bons
postos de trabalho. Cotas raciais, mesmo se eficazmente implementadas,
promoverão somente a ascensão social de um reduzido número de pessoas, não
alterando os fatores mais profundos que determinam as iniquidades sociais.
[...]
Que Brasil queremos? Um país no qual as escolas eduquem as
crianças pobres, independentemente da cor ou raça, dando-lhes oportunidade de
ascensão social e econômica; no qual as universidades se preocupem em usar bem
os recursos e formar bem os alunos. No caso do ensino superior, o melhor
caminho é aumentar o número de vagas nas instituições públicas, ampliar os cursos
noturnos, difundir os cursos de pré-vestibular para alunos carentes, implantar
campus em áreas mais pobres, entre outras medidas. Devemos almejar um Brasil no
qual ninguém seja discriminado, de forma positiva ou negativa, pelo cor ou
raça: que se valorize a diversidade como um processo vivaz que deve permanecer
livre de normas impostas pelo Estado a indivíduos que não necessariamente
querem se definir segundo critérios raciais” (publicado em 14 de abril de 2006
no Correio Braziliense, de autoria de Marcos Chor Maio e Ricardo Ventura Santos
– reproduzido na página 291 do livro Divisões perigosas, de Peter Fry e outros,
editora Civilização brasileira, 2007).
Segundo a perspectiva dos autores, QUAL seria o provável
efeito da utilização de cotas raciais para o enfrentamento das desigualdades
sociais?
a) O rebaixamento da qualidade do ensino superior, assim
como a racialização das identidades sociais.
b) A superação das desigualdades raciais, tal qual o
abandono gradual de práticas de preconceito racial.
c) A continuidade das desigualdades sociais, apesar da
diminuição das tensões racial-identitárias.
d) A superação das desigualdades raciais, assim como um
aumento na escolaridade média do brasileiro.
e) A continuidade das desigualdades sociais, bem como a
fixação arbitrária de identidades raciais.
resposta:[E]
11. (Unicentro 2012) Considerando-se as teorias sociológicas a respeito das
questões sobre gênero, assinale V nas afirmativas verdadeiras e F,
nas falsas.
( ) O termo gênero faz referência a uma
construção cultural, enfatizando o caráter social e histórico das diferenças
sexuais.
( ) Vários elementos estão envolvidos na
constituição das relações de gênero, tais como a organização política,
econômica e social.
( ) A referência a gênero leva a pensar nas
maneiras como as sociedades entendem o que é “ser homem” e “ser mulher”, o que
consideram “masculino” e “feminino”.
( ) O termo gênero se refere às diferenças
biológicas e naturais dos seres humanos.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima
para baixo, é a
a) F F V F
b) V V V F
c) V F F V
d) F V V F
e) V V V V
Resposta:[B]
A questão apresenta uma série
de afirmações a respeito do conceito de “gênero”. Este vem sendo utilizado em
substituição à noção de “sexo”, dando ênfase às circunstâncias culturais,
sociais e políticas que interferem na forma como a sociedade constrói e
reconhece as identidades e os corpos das pessoas. Assim, somente a última
afirmativa é falsa. É justamente contra a concepção de diferenças biológicas e
naturais entre os seres humanos que o conceito de “gênero” é utilizado.
12. (Unicentro 2012) A suposição de que havia um consenso absoluto sobre a
organização social e a vida cultural de cada tribo só era possível através da ideia
que os administradores e cientistas europeus tinham da “tradição”. As sociedades “tribais” (ou “primitivas”)
seriam, para eles, “sociedades tradicionais” — não só as regras de conduta eram
pautadas rigidamente pelo costume, como esse costume era transmitido, oralmente
e de forma imutável, de geração a geração, desde o princípio dos tempos. Os
europeus não admitiam que os africanos pudessem refletir criticamente sobre a
sua própria cultura”.
FIGUEIREDO, Fábio
Baqueiro. História da África.
Brasília: Ministério da Educação/Secretária de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade; Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, 2010.
144. Disponível em: .
Acesso em: 2 jul. 2011.
O texto pontua a construção do olhar europeu sobre a
África, no período colonial.
A partir dos debates atuais sobre as relações étnicas
no Brasil, identifique com V ou F, conforme sejam verdadeiras ou
falsas as afirmativas sobre o texto.
( ) O resultado sociopolítico dessa visão
estereotipada ainda hoje pode ser observado em relação à população
afro-brasileira.
( ) Os conflitos raciais resultam de
estereótipos sociais, e não de fatos científicos.
( ) Um indivíduo etnocêntrico não tem
capacidade de observar outras culturas nas próprias condições em que elas se
mostram.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima
para baixo, é a
a) V V V
b) F V V
c) V F F
d) F V F
e) V V F
Resposta:[A]
Todas as afirmações são
corretas e estão de acordo com o texto do enunciado. O preconceito racial ainda
tem grande influência na sociedade brasileira. Expressões como “isso é coisa de
preto” e “neguinho” são correntemente utilizadas. Além disso, o etnocentrismo
reforça as visões preconceituosas, que tendem a anular as especificidades
culturais dos povos considerados inferiores.
13. (Uem 2012) Leia o texto a seguir e assinale o que for correto sobre o tema da
diversidade étnica.
“[...] Na verdade, raça, no Brasil jamais foi
um termo neutro; ao contrário, associou-se com frequência a uma imagem
particular do país. Muitas vezes, na vertente mais negativa de finais do século
XIX, a mestiçagem existente no país parecia atestar a falência da nação [...]”
(SCHWARCZ, Lilia
Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na intimidade.
In: NOVAIS, Fernando & SCHWARCZ, Lilia Moritz (orgs.) História
da Vida Privada no Brasil. Contrastes da intimidade contemporânea,. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 177).
01) Vigorou no Brasil, do século XIX, uma visão elitista
que privilegiava a cor branca e via na mistura de raças a causa de seu atraso.
02) Os termos raça e etnia se equivalem. Ambos fazem
referência à composição de grupos de pessoas com características fisiológicas e
biológicas comuns.
04) Os estudos centrados na noção de raça classificam a
humanidade por meio da seleção natural e da organização genética.
08) Por ser o Brasil o país com o maior número de negros e
afrodescendentes depois do continente africano, não é pertinente discutir no
Brasil o racismo.
16) Nas décadas seguintes à abolição da escravatura, a
integração dos negros à sociedade brasileira foi marcada pela adoção de
mecanismos de inclusão que resultaram, recentemente, na implantação das
chamadas políticas de ação afirmativa.
Resposta:
01 + 04
= 05.
Excelente
questão. O termo “raça” corresponde ao um conceito ideológico muito utilizado
entre os séculos XIX e XX para diferenciar as populações por meio de critérios
fenotípicos. Tal conceito caiu em desuso na medicina, por se demonstrar
equivocado, mas continua presente no imaginário social. Sendo assim, a luta
contra o racismo acontece colocando o termo em debate e demonstrando o quanto
que ele carrega em si uma visão elitista e preconceituosa. Como nunca houve, no
Brasil, políticas que impedissem a reprodução da pobreza da população de cor
negra gerada pela escravidão, atualmente tem-se lutado pela implantação das
políticas afirmativas.
TEXTO
PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
No Konso [Etiópia], o homem carrega água apenas nas
duas ou três semanas subsequentes ao nascimento de seu bebê. Garotos pequenos
pegam água também, mas apenas até os 7 ou 8 anos. Essa regra é seguida à risca
– por homens e mulheres. “Se garotos mais velhos carregam água, as pessoas
começam a fofocar que a mãe deles é preguiçosa”, diz Aylito. A reputação de uma
mulher do Konso, diz ela, assenta-se no trabalho duro. “Se eu ficar sentada em
casa e não fizer nada, ninguém vai gostar de mim. Mas, se eu correr para cima e
para baixo com 45 litros
de água, eles dirão que sou uma mulher sábia que trabalha duro”. Lemeta,
tímido, para na casa de Aylito Binayo e pede permissão ao marido dela, Guyo
Jalto, para checar seus galões. Jalto leva-o até a palhoça onde eles são
guardados. Lemeta abre a tampa de um deles e cheira, balançando a cabeça em
aprovação – a família está usando WaterGuard,
um aditivo à base de cloro. Uma tampinha cheia do produto purifica um galão de
água. O governo passou a distribuir WaterGuard
logo no começo da mais recente epidemia de diarreia. Lemeta também verifica
se a família possui uma latrina e fala aos moradores sobre as vantagens de
ferver a água de beber, lavar as mãos e banhar-se duas vezes por semana.
(Adaptado de:
ROSENBERG, Tina. O fardo da sede. Revista National Geographic. ed.121, 2010.
Disponível em: .
Acesso em: 3 ago. 2011.)
14. (Uel 2012) Com base no texto e nos conhecimentos antropológicos e
sociológicos sobre a questão de gênero, considere as afirmativas a seguir.
I. As hierarquias de
gênero têm por base material a divisão sexual do trabalho determinada pelas
diferenças percebidas culturalmente.
II. As diferentes
sociedades históricas organizam a divisão sexual do trabalho de acordo com um
modelo igualitário uniforme entre homens e mulheres.
III. Os países
definidos como menos desenvolvidos, por se encontrarem excluídos do processo de
globalização, preservam a divisão sexual do trabalho.
IV. A existência de
atribuições que norteiam “à risca” o comportamento de homens e mulheres em um
determinado coletivo pode ser tomada como uma instituição social.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
Resposta:[A]
Ainda que sejam diferenças
percebidas simbolicamente, as hierarquias de gênero sempre possuem uma relação
de base material com a divisão do trabalho. Também se deve considerar que uma
instituição pode ser definida sociologicamente como um modelo de conduta que é
cristalizado, reconhecível e replicado por todo um grupo social. Vale ressaltar
que a divisão sexual do trabalho não é igualitária, tampouco característica
somente de países menos desenvolvidos. Desta maneira, somente as afirmativas I
e IV estão corretas.
15. (Unicentro 2011)
— Diga lá, menina, o que é que você quer ser quando
crescer?
Eu quero ser dona de casa atuante ou mulher de
milionário.
Dona de casa atuante ou mulher de milionário.
(Jorge Ben Jor).
Na estrofe da letra de Jorge Ben Jor e na imagem
acima, pode-se observar um modelo de socialização da mulher, em que a imitação
torna-se um ótimo momento de interação infantil de gênero. Sobre as relações de
gênero, é correto afirmar:
a) O conceito de gênero se refere às condições de origem
psicológicas e biológicas.
b) A discussão sobre a violência doméstica não deve
entrar em pauta nas discussões sobre gênero.
c) A desigualdade entre homens e mulheres é
historicamente construída, ou seja, não é uma desigualdade natural.
d) A discussão sobre a identidade corporal e a
sexualidade feminina não fazem parte das análises sobre questões de gênero.
e) A visão feminina é constantemente romântica, e, por
isso, deve-se ater ao direito à maternidade, mas não à igualdade de condições
no trabalho.
Resposta:[C]
As concepções de gênero são
as formas como a sociedade compreende a diversidade anatômica e afetiva dos
seres humanos e relaciona-a com os papéis sociais dos indivíduos e dos grupos
sociais. Por isso que na sociologia as desigualdades resultantes dessas
concepções são consideradas construções sociais, historicamente e socialmente
constituídas.
16. (Uel 2011) Leia o texto a seguir, que remete ao debate sobre
questões de gênero.
A
violência contra a mulher acontece cotidianamente e nem sempre ganha destaque
na imprensa, afirmou a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres,
Nilcéa Freire [...]. “Quando surgem casos, principalmente com pessoas famosas,
que chegam aos jornais, é que a sociedade efetivamente se dá conta de que
aquilo acontece cotidianamente e não sai nos jornais. As mulheres são
violentadas, são subjugadas cotidianamente [...]”, afirmou a ministra. [...]
“Eliza morreu porque contrariou um homem que achou que lhe deveria impor um
castigo. Ela morreu como morrem tantas outras quando rompem relacionamentos
violentos”, disse a ministra.
(“Violência contra as
mulheres é diária”, diz ministra, Agência
Brasil, Brasília, 11 jul. 2010.)
Com base no texto e nos conhecimentos
socioantropológicos sobre o tema, é correto afirmar:
a) Questões de gênero são definidas a partir da classe
social, razão pela qual são mais presentes nas camadas populares do que entre
as elites.
b) As identidades sociais masculina e feminina são
configuradas a partir de características biológicas imutáveis presentes em cada
um.
c) As diferenças de gênero são determinadas no terreno
econômico, daí o fato de serem produto da sociedade capitalista.
d) As experiências socialistas do século XX demonstram
que nelas as questões de gênero são resolvidas de modo a estabelecer a
igualdade real entre homens e mulheres.
e) As relações de gênero são construídas socialmente e
favorecem, nas condições históricas atuais, a dominação masculina.
Resposta:[E]
A violência contra a mulher
denuncia as contradições da sociedade atual em seus diversos níveis de
relações, ao mesmo tempo em que aponta para a incompatibilidade das formas de
organização do poder patriarcal e de dominação masculina, que é, muitas vezes,
autoritária. Isto não deveria mais ocorrer em uma sociedade plural e complexa,
já que as transformações sociais não param.
17. (Uem 2011) “O ‘homem feminino’ era uma
espécie de náufrago chegando a uma ilha deserta e tentando se adaptar às
condições de vida do lugar. Ele não escolheu estar ali. Não preparou seu
espírito para mudar de vida. Não esqueceu as facilidades e o conforto do lugar
onde morava. Mas como vinha questionando a validade de viver para o trabalho,
estressado, viu no naufrágio uma oportunidade de experimentar a novidade”.
OLIVEIRA, Malu. Homem e mulher a caminho do século XXI. São
Paulo: Ática, 1997, p. 67.
Considerando o texto e o
tema instituições sociais e as relações entre indivíduo e sociedade, assinale o
que for correto.
01) As ciências sociais
consideram que as diferenças de comportamento existentes entre homens e
mulheres, em relação aos seus papéis familiares, são decorrentes das diferenças
anatômicas e fisiológicas existentes entre os sexos.
02) Alguns dos principais
movimentos sociais contemporâneos problematizam e questionam os modelos
hegemônicos de masculinidade e feminilidade heterossexuais como única forma
legítima de conformação das identidades e comportamentos sexuais.
04) Os movimentos pela igualdade
entre os gêneros, originados no início do século XX, foram organizados por
grupos sociais que lutavam, simultaneamente, pelo reconhecimento do papel
público das mulheres e pelos direitos à vida familiar e doméstica dos homens.
08) Os estudos de gênero apontam
que valores, como força, coragem e ousadia, associados ao mundo masculino, bem
como as concepções de delicadeza, timidez e fragilidade, relacionadas aos
conceitos de feminino, são construções simbólicas e sociais que podem ser
apropriadas das mais diversas maneiras pelos homens e pelas mulheres.
16) O avanço feminista do século
XX alterou radicalmente a posição das mulheres no mundo público e privado, mas
não afetou significativamente a identidade masculina.
Resposta:
02 + 08 = 10.
02 + 08 = 10.
Os movimentos sociais
contemporâneos se diferenciam dos tradicionais porque apresentam projetos
voltados para a organização autônoma dos diversos segmentos sociais, o que
evidencia uma visão de mundo de respeito à diversidade entre os grupos e as
classes. O texto de Malu Oliveira nos ensina que práticas consideradas
eminentemente femininas podem, no lado masculino, ser a afirmação de novas
formas de vida, de uma nova cultura como parte fundamental de uma nova
sociedade.
18. (Ueg 2011) “A respeito do moderno papel político-social da
mulher, li preciosas observações da escritora e professora Rosiska Darcy de
Oliveira. Ela entende que se reencena, hoje, o desafio de Antígona e Creonte. E
que, no espelho de Antígona, as mulheres agora descobrem um rosto arquetípico.
‘A frágil princesa tebana que, afirmando lei própria, negou a autoridade do
rei, volta ao proscênio, viva, e acena às novas gerações’. E continua ela: ‘O
desafio deste século 21 será o equilíbrio entre homens e mulheres na partilha
do poder, no compartilhamento da decisão dos destinos coletivos e o próprio
equilíbrio entre homens e mulheres na partilha da vida em comum’”.
ROCHA, Hélio. A
partilha homem-mulher. In: O Popular, Goiânia, 10 jul. 2010, p. 10.
(Memorandum).
Tendo em vista a análise do texto acima, conclui-se
que
a) a discriminação salarial contra a mulher já faz parte
do passado. Atualmente, ela é considerada uma trabalhadora complementar ao seu
pai ou marido, sendo socialmente coagida a aceitar pagamento inferior por um
trabalho que, por isso mesmo, é rapidamente abandonado pelos homens.
b) ao negar a autoridade do rei, Antígona estabelece para
sempre a superioridade da mulher sobre os homens, assegurando direitos iguais
para ambos os sexos, libertando a mulher da sujeição ao comportamento
masculino.
c) as mulheres vêm assegurando em números crescentes grau
de escolaridade em campos tradicionalmente dominados por homens, bem como
visíveis sinais de crescimento de participação na política, além da redução da
discriminação contra as mulheres em empregos operários.
d) o gênero é uma diferenciação entre homens e mulheres
em termos de características culturalmente definidas na sociedade. A
estratificação baseada no gênero ocorre quando os homens e as mulheres, em uma
sociedade, recebem parcelas iguais de dinheiro, poder, prestígio e outros
recursos.
Resposta:[C]
O texto exige do aluno uma
reflexão sobre o papel da mulher no mundo contemporâneo. Se antes as mulheres
eram obrigadas a se submeterem aos desejos masculinos e a estarem fechadas no
ambiente familiar, agora a mulher tem tido a liberdade e a vontade de buscar
cada vez mais espaço no mundo público, no mercado de trabalho e em atribuições
que antes eram de domínio puramente masculino. Não obstante essas conquistas, a
mulher continua recebendo menos que os homens e ainda sofre com estigmas
originários da mentalidade machista ainda presente no mundo atual.
19. (Unicentro 2011) As brincadeiras de menino, em geral, envolvem
atividades ao ar livre, como bicicleta, pipa ou skate. As meninas
brincam de casinha. Isso é comum porque, antigamente, era papel do homem sair
de casa para trabalhar, enquanto às mulheres cabiam os cuidados com o lar”,
constata a pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de
Cultura, Estudos e Pesquisas do Brincar da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo.
ECHEVERRIA, Malu.
Brincadeira não tem sexo: meninos e meninas podem — e devem — brincar do que
tiverem vontade. In: Revista Crescer.
ed. 139, jun. 2005. [online] Disponível em: . Acesso em: 29 jan. 2009 .
Sobre o processo de socialização e as relações de
gênero, é correto afirmar:
a) O termo “sexo” distingue as diferenças anatômicas, e o
termo “gênero”, as diferenças fisiológicas entre homens e mulheres.
b) As relações de gênero são universais e não dependem da
construção que cada cultura tem em relação às diferenças sexuais.
c) O processo de socialização disciplina os corpos quanto
aos modos de agir, porém esse aprendizado não interfere nos modos de ser dos
sujeitos sociais.
d) O gênero é uma construção social que, através de
organismos sociais, como a família e a mídia, atribui papéis e identidades
sociais a homens e mulheres.
e) As brincadeiras de crianças, assim como o modo como se
comportam, demonstram que os papéis sociais são definidos antes mesmo do
encontro com as instituições sociais.
Resposta:[D]
É de consenso nas ciências
sociais considerar que o gênero é uma construção social que os indivíduos
incorporam desde criança, quando são colocados em contato com as instituições
sociais. É nessa socialização que os indivíduos apreendem os papéis sociais que
cada gênero deve desempenhar na sociedade. Tais papéis são naturalizados e,
assim, as pessoas passam a considerar que é “natural” que o homem vá trabalhar
e a mulher fique em casa. Ainda que haja diferenças anatômicas entre homens e
mulheres, tais diferenças não são suficientes para explicar as diferenças
sociais entre gêneros.
20. (Uel 2011) No dia 16 de junho de 2010, o Senado
brasileiro aprovou o Estatuto da Igualdade Racial.
Os
senadores [...] suprimiram do texto o termo “fortalecer a identidade negra”,
sob o argumento de que não existe no país uma identidade negra [...]. “O que
existe é uma identidade brasileira. Apesar de existentes, o preconceito e a
discriminação não serviram para impedir a formação de uma sociedade plural,
diversa e miscigenada”, defende o relatório de Demóstenes Torres.
(Folha.com.
Cotidiano, 16 jun. 2010. Disponível em:
.
Acesso em: 16 jun. 2010.)
Com base no texto e nos conhecimentos atuais sobre a
questão da identidade, é correto afirmar:
a) A identidade nacional brasileira é fruto de um
processo histórico de realização da harmonia das relações sociais entre
diferentes raças/etnias, por meio da miscigenação.
b) A ideia de identidade nacional é um recurso discursivo
desenraizado do terreno da cultura e da política, sendo sua base de preocupação
a realização de interesses individuais e privados.
c) Lutas identitárias são problemas típicos de países
coloniais e de tradição escravista, motivo da sua ausência em países
desenvolvidos como a Alemanha e a França.
d) Embora pautadas na ação coletiva, as lutas
identitárias, a exemplo dos partidos políticos, colocam em segundo plano o
indivíduo e suas demandas imediatas.
e) As identidades nacionais são construídas socialmente,
com base nas relações de força desenvolvidas entre os grupos, com a tendência
comum de eleger, como universais, as características dos dominantes.
Resposta:[E]
O que torna o Brasil ser
Brasil não são características ou padrões das classes dominantes, mas sua
identidade multicultural; não somente do negro africano, mas de índios,
europeus, asiáticos, árabes, entre outros. Essa miscigenação favorece o
encontro de muitas culturas e acaba criando uma identidade que ainda luta
contra a discriminação e o preconceito, estes ainda muito presentes.
21. (Unicentro 2010) “Quando se menciona o
trabalho escravo no Brasil, a primeira lembrança é a da escravidão negra.
Realmente, foi ela a mais marcante, a mais longa e terrível; mas o trabalho
escravo se inicia no Brasil com a escravidão indígena”
(Tomazi, Nelson Dácio (coordenador). Iniciação
à Sociologia. São Paulo: Atual, 2000, p.62).
Considerando a realidade
estabelecida pela implantação do trabalho escravo dos negros africanos trazidos
ao Brasil, assinale a alternativa incorreta.
a) As condições de vida dos escravos africanos eram
terríveis, razão pela qual a média de vida útil deles não ultrapassava os
quinze anos.
b) Os negros africanos reagiram à escravidão das mais
diversas formas: através das fugas, dos quilombos, da luta armada, da
preservação dos cultos religiosos, da dança, da música.
c) O negro é parte integrante da história brasileira,
apesar dos muitos preconceitos que ainda persistem contra eles.
d) O Brasil figura entre os primeiros países
latino-americanos a declarar por meio de muitas leis, até a promulgação da lei
áurea, a libertação de seus escravos.
e) O fim do tráfico de escravos, no Brasil, ocorre em
meados do século XIX, quando começam algumas experiências com a mão de obra
assalariada de estrangeiros.
Resposta:[D]
A alternativa [D] é a única
incorreta. O Brasil foi um dos últimos países latino-americanos a promulgar a
libertação dos escravos, que só ocorreu devido à chegada dos imigrantes
estrangeiros e às pressões econômicas e políticas para que essa lei se concretizasse.
22. (Ufu 2010) O movimento negro no Brasil, embora exista de fato
desde a Colônia, teve seus avanços reais constituídos em políticas públicas a
partir dos anos 1990.
Sobre as bandeiras, ações afirmativas e conquistas
deste movimento, é incorreto afirmar
que:
a) tornaram possível a obrigatoriedade do ensino da
história e da cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e
médio.
b) pretendem contribuir para diminuir a distância
socioeconômica entre negros e brancos no Brasil e um dos mecanismos para que
isso ocorra é a instituição de cotas para negros na universidade.
c) relacionam-se a um movimento de políticas de
identidade étnico-racial que denuncia a democracia racial brasileira como um
mito.
d) pretendem indenizar economicamente os descendentes de
escravos negros no Brasil.
Resposta:[D]
A alternativa D é a única
incorreta porque a indenização econômica não faz parte das reivindicações do
movimento negro brasileiro. Já as demais alternativas apontam corretamente os
temas que estiveram na pauta deste movimento nos últimos anos. Alguns
resultados já foram obtidos, como a entrada em vigor da Lei 10.639, em 2003,
que prevê o ensino da história e da cultura afro-brasileira no ensino
fundamental e médio (alternativa A). Outras questões ainda levam um tempo para
serem plenamente satisfeitas, como a introdução de cotas para negros nas
universidades (alternativa B), que, além de ser um mecanismo ainda polêmico -
não foi adotado por todas as universidades, pois estas gozam da autonomia
universitária e, portanto, não pode ser discutida uma lei que obrigue todas
elas a adotar esta política –, depende do tempo de formação educacional e de
conquistas profissionais para se verificar sua eficácia, isto é, se realmente
promove uma diminuição na desigualdade entre negros e brancos. Para que as
lutas do movimento negro sejam levadas a sério, entretanto, é necessário que se
mude, no Brasil, a percepção de que vivemos numa democracia racial (alternativa
C).
23. (Udesc 2010) No
Jornal Folha de São Paulo do dia 30 de maio de 2010, ao comentar o
futebol e o racismo no Brasil, o pesquisador Victor Andrade de Melo, coordenador
do Laboratório de História e Esporte e Lazer da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, declarou que “O futebol não está além da sociedade, não está imune ao
preconceito racial. Pode ser obliterado pelo racismo à brasileira, uma crença
de que a miscigenação impede o racismo, o que na realidade só deixa mais
difícil de ser combatido”.
Faça um comentário acerca
da declaração, relacionando as formas pelas quais as escolas brasileiras podem
combater esse racismo à brasileira citado pelo pesquisador Victor Andrade de
Melo.
Resposta:
Sendo o racismo um problema tão incrustado na sociedade brasileira, a escola pública pode ser um local de tentativa de criação de uma mentalidade solidária e tolerante com relação à diferença. Ao colocar em contato crianças de classes sociais diferentes e de característica diferentes e mediante um projeto pedagógico que visa derrubar os preconceitos, a escola pode se tornar um local de socialização solidária para essas crianças.
Sendo o racismo um problema tão incrustado na sociedade brasileira, a escola pública pode ser um local de tentativa de criação de uma mentalidade solidária e tolerante com relação à diferença. Ao colocar em contato crianças de classes sociais diferentes e de característica diferentes e mediante um projeto pedagógico que visa derrubar os preconceitos, a escola pode se tornar um local de socialização solidária para essas crianças.
24. (Uenp 2010) Do ponto de
vista sociológico, no Brasil se constituiu sobre o mito da democracia racial
principalmente depois da publicação de Casa grande e senzala de Gilberto
Freyre (2003). De acordo com Florestan Fernandes (1965) o ideal de miscigenação
fora difundido como mecanismo de absorção do mestiço não para a ascensão social
do negro, mas para a hegemonia da classe dominante. O mito da democracia racial
assentou-se sobre dois fundamentos: 1) o mito do bom senhor; 2) o mito do escravo
submisso.
Analise as
afirmações:
I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das elites
modernas, como diria Contardo Calligaris, e juntamente com uma espécie de
pseudocordialidade seriam responsáveis pela manutenção e o aprofundamento das
diferenças sociais.
II. O mito do escravo submisso fez com que a sociedade de um
modo geral não encarasse de frente a violência da escravidão, fez com que os
ouvidos se ensurdecessem aos clamores do movimento negro, por direitos e por
justiça.
III. As proposições legislativas sobre a inclusão de negros
vão desde o Projeto de Lei que reserva aos negros um percentual fixo de cargos
da administração publica, aos que instituem cotas para negros nas universidades
publicas e nos meios de comunicação.
Assinale a
alternativa correta:
a) todas as afirmações são verdadeiras.
b) apenas a afirmação II e verdadeira.
c) as afirmações I e III são verdadeiras.
d) as afirmações I e II são falsas.
e) todas as afirmações são falsas.
Resposta:[A]
Todas as afirmativas são verdadeiras. O mito da
democracia racial é utilizado como uma forma de ocultar a dominação e a
violência contra os negros que, desde o período colonial, existe no Brasil.
Esse mito acaba por valorizar as elites brasileiras, criando uma mentalidade de
cordialidade que explica de forma errônea a relação entre brancos e negros no
país. Hoje existem propostas - como as cotas universitárias para estudantes
negros – que visam diminuir e extinguir essa herança de desigualdade
TEXTO
PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
No romance de Monteiro Lobato O Presidente Negro
(1926), livro de ficção sobre os EUA, o personagem principal vê o futuro, o
século XXI, ano de 2228, através de um porviroscópio, e tece algumas
considerações sobre o estágio do choque das “raças” naquele contexto.
[...] Até essa época a população negra representava um
sexto da população total do país. A predominância do branco era pois esmagadora
e de molde a não arrastar o americano a ver no negro um perigo sério.
Mas com o proibicionismo coincidiu o surto das ideias
eugenísticas de Francis Galton. As elites pensantes convenceram-se de que a
restrição da natalidade se impunha por 1001 razões, resumíveis no velho
truísmo: qualidade vale mais que quantidade. [...] Os brancos entraram a primar
em qualidade, enquanto os negros persistiam em avultar em quantidade. [...]
Mais tarde, quando a eugenia venceu em toda a linha e se criou o Ministério da
Seleção Artificial, o surto negro já era imenso. [...] (Felizmente), muito cedo
chegou o americano à conclusão de que os males do mundo vinham dos três pesos
mortos que sobrecarregam a sociedade – o vadio, o doente e o pobre. Em vez de
combater esses pesos mortos por meio do castigo, do remédio e da esmola, como
se faz hoje, adotou solução mais inteligente: suprimi-los. A eugenia deu cabo
do primeiro, a higiene do segundo e a eficiência do último.
(LOBATO, M. O Presidente Negro. São Paulo: Globo,
2008, p.97 e p.117, grifos do autor)
25. (Uel
2010) Assinale a alternativa que contém a figura que
representa o ideal de branqueamento no Brasil do final do século XIX.
a)
Augustus Earle. Negros lutando. C. 1824, aquarela sb/papel 16,5 X 25 cm.
b)
José Maria de Medeiros. Iracema, 1884, óleo sb/tela 168 X 255 cm.
c)
Modesto Brocos. A redenção de Can, 1895, óleo sb/tela 199 X 166 cm.
d)
Jean Baptiste Debret. O Jantar, 1835, litografia.
e)
Senhora na liteira com dois escravos. Fotógrafo não identificado. Acervo Instituto Moreira Salles.
(Imagens extraídas de: ALMEIDA, H. B.; SZWAKO, J. E. Diferenças, Igualdade. São Paulo:
Berlendis & Vertecchia, 2009, pp. 73, 76, 78, 86, 95.)
Resposta:[C]
O ideal do branqueamento está
expresso somente na alternativa [C]. Pode-se perceber uma variação ou uma
gradação na pintura: a avó negra, a mãe mulata, o pai imigrante e, por último e
ao centro, o filho branco. Assim, esperava-se que evoluísse a sociedade
brasileira rumo ao progresso e ao desenvolvimento da raça.
26. (PUC MG 2013) No PNAD (Pesquisa Nacional de Análise por Domicílio) do IBGE, realizada em 1976, foram registradas 136 cores que os brasileiros atribuíram a si mesmos numa verdadeira “aquarela do Brasil”, algumas apresentadas a seguir.
26. (PUC MG 2013) No PNAD (Pesquisa Nacional de Análise por Domicílio) do IBGE, realizada em 1976, foram registradas 136 cores que os brasileiros atribuíram a si mesmos numa verdadeira “aquarela do Brasil”, algumas apresentadas a seguir.
(Quadro adaptado de SCHWARCZ, Lilia Moritz. Racismo no Brasil. São Paulo: Publifolha, 2011. p.69-70.)
Observando o quadro de cores e considerando seus conhecimentos históricos, assinale a afirmar CORRETA.
a) A percepção de um senso comum sobre cor reforça a noção da miscigenação entre os grupos, voltada para um aspirado branqueamento.
b) A indefinição de cor indica que o brasileiro não carrega a cor como um elemento de identidade étnica ou categoria social.
c) O uso de expressões como pálida e retinta indica os extremos demonstrando uma ausência de preconceito em relação à cor.
d) Laranja, lilás, vermelha e verde, que aparecem na listagem, registram o desconhecimento da população com relação às cores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário