Crises Humanitárias
Pio Penna
Vários países, em várias
regiões do mundo, vivem verdadeiras crises humanitárias que desafiam a
consciência da comunidade internacional em termos humanitários. A situação é
tão grave que é assustador verificar como essas crises quase não repercutem na
mídia internacional e pouco tocam as sociedades que, por sorte ou outros
motivos, tem a felicidade de não enfrentarem tais situações.
A Síria é hoje um dos
mais preocupantes casos de crise humanitária do mundo. O país, como todos
sabem, passa por uma prolongada guerra civil que já matou mais de 60 mil
pessoas e levou mais de 2 milhões de sírios a buscarem refúgio no exterior, em
sua grande maioria vivendo em condições precaríssimas em países vizinhos, como
a Turquia.
A África é o continente
que mais atenção chama quando pensamos em crises humanitárias. Vários países e
regiões do continente passam simultaneamente por crises geralmente derivadas de
guerras civis. Em alguns casos, como o da República Democrática do Congo, a
situação é crônica, ou seja, a crise é prolongada e a sensação é de que não há
esperança em termos de curto ou médio prazos.
Ainda no continente
africano podemos destacar a caótica situação vivida na Somália, também em
decorrência de uma prolongada guerra civil. Nesse país, o Estado praticamente
desapareceu e, dentre as suas consequências, há insegurança humana e alimentar
em graus elevadíssimos, o que frequentemente leva a crises humanitárias de
difícil encaminhamento.
Outro exemplo que se
tornou bem conhecido no Brasil diz respeito ao Haiti. Esse país, que conta com
uma história singular entre os demais da América Latina e Caribe, experimenta
décadas de crises humanitárias catastróficas, seja como consequência da ação
humana, seja por capricho da natureza. Apesar do envolvimento da comunidade
internacional e da presença de organizações internacionais, inclusive com
tropas brasileiras, poucos observadores conseguem enxergar um horizonte
positivo no curto e no médio prazo.
Na América do Sul talvez o exemplo mais apropriado quando
pensamos em crise humanitária seja o da Colômbia, embora nesse caso
aparentemente o pior momento já tenha passado. De toda forma, o fluxo de
refugiados do país ainda não foi contido e todo ano centenas de colombianos
desembarcam no Brasil em busca de um recomeço.
Citei neste artigo apenas alguns casos de crises
humanitárias. Infelizmente, existem muitas outras crises ocorrendo
simultaneamente ao redor do planeta. Somos hoje um pouco mais de 7 bilhões de
terráqueos e, desses, algo em torno de 1 bilhão passa fome ou não tem acesso a
alimentação adequada. As guerras consomem milhares de vidas anualmente e levam
sofrimento a outras tantas. Milhares e milhares de pessoas são obrigadas
anualmente a deixar os seus locais de origem em busca de abrigo e proteção.
Enfim, infelizmente as crises humanitárias parecem ser uma constante na vida no
planeta terra.
O Alto Comissariado das
Nações Unidas (ACNUR) faz o possível e, em alguns casos, o impossível para
prestar apoio aos refugiados e deslocados espalhados pelo mundo, mas os seus
recursos são limitados. A humanidade, infelizmente, caminha assim, sem muita
esperança de uma vida mais digna, igualitária e que atenda às necessidades das
pessoas.
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