quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Confira a correção do vestibular UFU 2012/2


Confira a correção do vestibular UFU 2012/2
SOCIOLOGIA
 
PRIMEIRA QUESTÃO
Somos a primeira geração de pessoas que existem numa escala global. Homens  e mulheres, políticos, drogados, modelos, executivos, prostituídos, terroristas,  vítimas de catástrofes transmitidas pela TV, cozinheiros, consumidores,  telespectadores, internautas, imigrantes, turistas; somos a primeira geração  global. [...] Nossa geração está inventando o mundo, o primeiro mundo  verdadeiramente mundial.
LEVY, Pierre. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço e a consciência.  São Paulo: Editora 34, 2001, p. 17.

Algumas pesquisas  revelam cerca de 200 milhões de pessoas em movimento pelo  mundo. Essas pessoas  evidenciam necessidades, oposições, racismos, solidariedades e  semelhanças.
Diante disso, faça o que se pede.
A) Os racismos e preconceitos estabelecidos no século XXI são diferentes daqueles vividos  na primeira metade do século XX. Apresente pelo menos duas características que os  distinguem.
B) Estabeleça pelo menos três características sociais e políticas que diferenciam  os movimentos populacionais do final do século XX e início do século XXI  daqueles que modificaram as estruturas sociais do Brasil no final do século XIX.

SUGESTÃO DE RESPOSTAS

A) 
─ A interação com outras culturas é muito mais intensa e mais viva, acarretando maior tolerância.
─ As políticas de branqueamento da raça e de miscigenação não estão mais presentes, como estiveram na Europa no período das guerras mundiais.
─ As competições por postos nos mercados mundiais criam um preconceito mais ligado as relações intelectuais e de competência laboral,  que diferem do preconceito racial do início do século XX.
B) 
─ No final do século XX e início do XXI, há um maior peso da aplicação da ciência e da tecnologia sobre as forças produtivas, enquanto  no século XIX estava mais atrelado à força física. O domínio do conhecimento  pode definir as vantagens no mercado competitivo. O conhecimento converteu-se em capital cultural, indicador de desenvolvimento humano e, cada vez mais, em instrumento de poder.
─ Desenraizamento humano oriundo do esfacelamento das referências familiares, nacionais, culturais e identitárias, que difere do final do século XIX, quando o mito do retorno era uma esperança muito clara quando fossem sanados os problemas nos países de origem. Atualmente, muitos deixam países do grande eixo para imigrar. 
─ A expansão das grandes empresas que, a partir da sua base nacional, implantaram filiais no exterior com base em procedimentos organizacionais e estratégias competitivas concebidas em escala mundial. (fusões e incorporações, investimentos cruzados, terceirização de fases da produção)
─ A intensificação do capitalismo reacendeu os fundamentalismos, os consumismos (de mercadorias, drogas, apatia).
─ A exclusão digital ou o analfabetismo funcional colabora para a reafirmação da exclusão social.
─ O Estado não mais atua como motor do desenvolvimento e investimento, como se apostou no final do XIX e início do século XX. O atendimento de necessidades  básicas (educação, habitação, saúde, seguridade social, meio ambiente e  segurança pública) acha-se comprometido graças aos  problemas administrativos, opções políticas e à aceitação dos padrões ditados pelos países hegemônicos.

SEGUNDA QUESTÃO
Não há vagas
O preço do feijão / não cabe no poema. O preço/ do arroz/ não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás/ a luz o telefone/ a sonegação/ do leite/ da carne/ do  açúcar / do pão / O funcionário público/ não cabe no poema/ com seu salário de  fome/ sua vida fechada/ em arquivos./ Como não cabe no poema / o operário/  que esmerilha seu dia de aço/ e carvão / nas oficinas escuras/ - porque o poema,  senhores,/  está fechado:/ "não há vagas"/ Só cabe no poema/ o homem sem  estômago/ a mulher de nuvens/ a fruta sem preço/ O poema, senhores, /não  fede/ nem cheira
GULLAR, Ferreira. Não há vagas. In: Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. p. 224.

Ferreira Gullar é um poeta brasileiro que se destacou, entre outras coisas, por ter  dado engajamento à sua poesia.  Os versos acima fazem uma dura crítica a um tipo de  sociedade.  Essa  crítica assemelha-se àquela que Marx fez ao idealismo hegeliano, que  sugere a superação do modo de produção capitalista, por meio do método do materialismo  histórico e dialético.
Sintetize a crítica marxiana ao hegelianismo, utilizando, para tanto, o método de  Marx e o poema de Gullar. Discorra sobre, pelo menos, cinco aspectos.

SUGESTÃO DE RESPOSTA


Reconhecimento da realidade material / concreta como ponto de  partida da construção de uma alternativa, pois parte-se do salário, da  punição, da tortura; reconhecimento das contradições como motores da  transformação, pois aqueles elementos da realidade opõem quem paga e  quem recebe o salário, quem pune e quem é punido, etc.; reconhecimento  da ilusão como sinônimo de alienação; reconhecimento da construção da  superação/da ação por meio do poema; materialismo; dialética;  contradição; exploração; violência estatal; Estado como  expressão da  dominação de classe; alienação. 

TERCEIRA QUESTÃO
Desde os anos 1970 começaram a surgir movimentos sociais que já não se baseiam mais  exclusivamente nas questões de classe. Associados à emergência de novos atores sociais,  esses movimentos são pluriclassistas e suprapartidários. Com base nisso,  faça o que se  pede.
A) Enumere ao menos dois desses novos atores e movimentos sociais.
B) Discorra sobre, pelo menos, três críticas que esses novos movimentos sociais fazem à realidade brasileira.

SUGESTÃO DE RESPOSTAS
A) 
─ Denúncia do mito da democracia racial na construção da sociabilidade brasileira.
─ A crítica ao preconceito como base formativa da sociedade brasileira.
─ A identificação de relações entre o preconceito racial e a sociedade de classes.
─ A consciência da luta política organizada para defesa e  garantia de  direitos.
─ A necessidade de romper com a tradição formal republicana do antirracismo, propondo “ações afirmativas” em favor da população  afrodescendente. 
B) 
─ Criminalização dos crimes de preconceito.
─ Cotas para afrodescendentes nas universidades e no funcionalismo
público
─ Obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afrobrasileira
─ O reconhecimento oficial da legitimidade de reparações para com a  escravidão.

QUARTA QUESTÃO
Nas últimas décadas, o processo de revolução tecnológica, associado a um  movimento de crise  do sistema capitalista baseado na grande indústria e no modelo de  organização taylorista/fordista, fez surgir um novo modelo de organização do trabalho que  se convencionou chamar de reestruturação produtiva. Apresente cinco características desse  novo momento da produção capitalista, explicitando as diferenças em relação ao modelo
taylorista/fordista.

SUGESTÃO DE RESPOSTAS
─ Prática de retirada de capitais do setor produtivo e seu investimento  no mercado financeiro. No modelo anterior, o capital se investia,  sobretudo, no setor produtivo. 
─ Associação à informatização e não só à industrialização. 
─ Enorme redução da mão de obra empregada e aumento  dos  processos de terceirização; enquanto no momento anterior a mão de  obra era contratada diretamente e em larga escala pelas indústrias.
─ Fracionamento da produção com a existência de fábricas menores,  em contraposição à grande indústria.
─ Retirada sistemática de direitos sociais, pondo em destaque o legado  neoliberal; ao passo que no modelo anterior, além do assistencialismo  burguês, refletia também o momento do Estado de bem-estar social.
─ Exigências de capacitação profissional, técnica e  tecnológica dos  trabalhadores, que se tornaram então polivalentes.  No modelo  anterior, de produção em série, o trabalhador era especializado em  apenas uma função.
─ Aumento no número de trabalhadores informais. No modelo anterior,  a maioria dos trabalhadores ocupavam um trabalho formal.
─ Produção em série no modelo taylorista e produção por lote no novo  modelo.


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