Pio Penna Filho
A guerra civil na Síria mostrou
ao mundo, com imagens e vídeos, os horrores provocados pelas armas químicas. O
assunto ficou ainda mais em evidência porque a Organização para a Proibição de
Armas Químicas (Opaq), sigla até então pouco conhecida, ganhou o prêmio Nobel
da Paz de 2013.
O prêmio chegou num momento
oportuno, haja vista que a Opaq está encarregada de desempenhar aquela que
talvez seja a missão mais difícil e complexa desde a sua criação, em 1997, que
é a de identificar e destruir os arsenais de armas químicas da Síria, e isso em
plena guerra civil.
Desativar arsenais de armas
químicas não é uma tarefa simples nem em tempos de paz. Não é à toa, por
exemplo, que Estados Unidos e Rússia estejam ainda muito longe de concluir o
trabalho de eliminação de seus arsenais. Existem dificuldades de diversos
tipos, que vão desde a eliminação propriamente dita das armas como também as fontes
de financiamento para tal.
No caso da Síria, mas que no
fundo se reproduz em vários outros casos, existe sempre uma reticência dos
governantes em aceitar abrir mão de todos os arsenais químicos. A desconfiança
como relação às ações de outros Estados não ajuda em nada para que os governos
se comportem de acordo com o protocolo internacional de eliminação completa
desse tipo de armamento.
Poucos países não assinaram ou
não chegaram a ratificar a Convenção sobre Armas Químicas, que tornou ilegal a
utilização de gases tóxicos e métodos biológicos para emprego bélico. Os países
que não assinaram o protocolo são os seguintes: Coreia do Norte, Angola, Egito
e Sudão do Sul. Já Mianmar e Israel assinaram, mas não ratificaram a Convenção.
Ou seja, para todos esses países citados, pelo menos em tese a Convenção não se
aplica.
É curioso também notar que apenas
sete países que fazem parte da Opaq admitem possuir armas químicas. São eles:
Albânia, Índia, Iraque, Líbia, Rússia e Estados Unidos. O sétimo membro é um
país “oculto”, isto é, que solicitou formalmente não ser divulgado o seu nome.
Mas todas as suspeitas recaem sobre a Coreia do Sul, principalmente pelo estado
de guerra latente com a Coreia do Norte, detentora explícita de arsenais
químicos.
Há que se ressaltar também que as
grandes potências, Estados Unidos e Rússia, não vem dando o devido exemplo para
a comunidade internacional. Ambas se comprometeram em destruir os seus arsenais
até o ano de 2012, mas admitem que ainda estão muito longe dessa meta.
O fato é que as armas químicas são verdadeiros pesadelos
para a humanidade. Isso ficou claro desde a primeira vez em que foram utilizadas,
ainda durante a Primeira Guerra Mundial, em 1915. Enfim, o prêmio Nobel do ano
de 2013 foi um dos mais acertados de toda a história. Como dito anteriormente,
vem em momento oportuno e repleto de significado pelos horrores do emprego
deste tipo de armamento no atual conflito da Síria.
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