Temas da atualidade que podem
cair no Enem e vestibulares 2013/2014
Primavera Árabe está entre
apostas de professores. Confira outros temas
Primavera Árabe e seus
desdobramentos
A onda de protestos iniciada na
Tunísia, em dezembro de 2010, se espalhou pelo norte da África e Oriente Médio
e ainda mostra reflexos em nações que lutam contra regimes autoritários. Em
comum, esses países possuem população majoritariamente islâmica, o que
acrescenta aos protestos e discussões questões de fundo religioso.
Assim como ocorreu no Brasil em
2013, os protestos da Primavera Árabe foram em boa medida articulados pela
internet. Mas foi nas ruas das grandes cidades que as manifestações ganharam expressão,
provocando reação violenta de governos locais. Em alguns casos, o levante
conseguiu derrubar ditadores que estavam no poder havia anos. É o caso de Zine
El Abidine Ben Ali, apeado do poder na Tunísia após 23 anos no comando. Outro
que caiu foi o presidente do Egito, Hosni Mubarak, no poder desde 1981. As duas
nações elegeram novos presidentes através de eleições populares em 2011.
As manifestações também levaram
ao fim o governo do coronel Muamar Kadafi, na Líbia. O ditador, no poder desde
1969, foi assassinado em 2011 após intensos combates entre tropas leais ao
ditador e opositores. O último deposto foi Ali Abdullah Saleh, no Iêmen, em
2012: ele estava no poder desde 1978.
A chegada da Primavera à região,
contudo, não reduziu a tensão local, tampouco a apreensão do resto do mundo
sobre o futuro daquela porção do mundo. Em alguns casos, a transição
democrática é incompleta; em outros, ditadores permanecem no poder. É o caso da
Síria, que assistiu a protestos pacíficos em 2011 contra o governo do ditador
Bashar Assad e agora está mergulhada em uma guerra civil sangrenta que já
acumula mais de 100.000 vítimas fatais.
O Egito também voltou ao
noticiário internacional. Interrompida a era Mubarak, Mohamed Mursi foi eleito
em junho de 2012. Membro da Irmandade Muçulmana, Mursi ampliou os próprios
poderes e acelerou a aprovação de uma Constituição de viés autoritário.
Opositores foram às ruas contra o governo e pediram a renúncia de Mursi, que
falhou na estabilização política e econômica nacional. No dia 3 de julho de
2013, o presidente foi destituído pelo Exército. O chefe da Força, Abdel Fattah
Al Sisi, anunciou a criação de um governo de transição e a convocação de
eleições.
'Importação' de médicos cubanos
A maioria dos médicos
estrangeiros no Brasil são bolivianos (880), seguidos dos peruanos (401), colombianos
(264) e cubanos (216)
Em maio, o governo brasileiro
anunciou que pode autorizar a imigração de 6 000 médicos cubanos para trabalhar
no interior do Brasil, local carente desse tipo de mão de obra. O anúncio não
foi bem recebido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que alegou que não há
falta de profissionais no Brasil, mas má distribuição deles pelas regiões do
território nacional.
Outra controvérsia a respeito é
que o projeto aceitaria a atuação desses profissionais sem exigir deles a
realização do Revalida, prova de revalidação do diploma obrigatória para quem
se formou fora do país e pretende atuar aqui. Possibilidades de intercâmbio em
outras áreas e com outros países estão na mira do ministro a Saúde, Alexandre
Padilha.
Rui Alves Gomes de Sá, diretor
pedagógico do curso Pré-Enem, da Abril Educação, avalia que o assunto pode ser
abordado no Enem sob a ótica do imediatismo — ou seja, medidas paliativas
adotadas às pressas para tratar de problemas importantes. “Em lugar de planejar
a formação de mais médicos e de aprimorar a educação nacional, tenta-se
resolver o problema de forma apressada, sem análise de consequências”, diz Sá.
Deslizamento de encostas nas
temporadas de chuvas
Deslizamento de terra na cidade
de Petrópolis (RJ). Chuvas provocaram mortes e deixaram centenas de pessoas
desalojadas e desabrigadas
As consequências trágicas dos
deslizamentos de terra, frequentes em encostas brasileiras durante a temporada
de chuvas de verão, são muitas vezes agravadas pela ação humana. Ocupação de
áreas de risco em morros, por exemplo, são a causa mais comum. Isso não tira
esses fenômenos, contudo, da lista de catástrofes naturais, segundo avaliação
do professor de geografia Paulo Roberto Moraes, do cursinho Anglo. “As pessoas
falam que o Brasil não tem acidentes naturais, pois não temos vulcão, tsunami
ou terremoto, mas essa ideia é falsa. Deslizamento de encostas pode ser
considerado uma catástrofe natural local”, diz.
O caso recente mais marcante foi
o ocorrido na região Serrana do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011, que deixou
mais de 900 mortos e milhares de desabrigados. As cidades mais afetadas foram
Sumidouro, Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, São José do Vale do Rio
Preto e Bom Jardim. Recentemente, em março de 2013, a região de Petrópolis foi
atingida novamente por fortes chuvas, que provocaram enchentes e deslizamentos.
Mais de 30 pessoas morreram. Um mês antes, em São Paulo, uma mulher morreu
durante deslizamento que interditou parte da rodovia dos Imigrantes — que liga
a capital ao litoral.
Para efeito do Enem, é importante
entender que os deslizamentos de terra são fenômenos naturais. Isso significa
que eles não são produzidos pelo homem — embora sejam claramente intensificados
pela ação humana. “Se eu permito o povoamento de uma área de encosta onde há
risco, por exemplo, acabo por acelerar o processo natural. As consequências
podem ser graves”, diz Moraes.
A principal ação humana que
potencializa os deslizamentos é a agricultura, que utiliza técnicas inadequadas
para plantio em encostas e acaba por precipitar o processo de erosão e de
deslizamentos em época de chuva. A segunda causa relevante é a ocupação para
fins de moradia em locais de risco, e de modo inadequado.
Há ações possíveis para atacar o
problema. Entre elas, está a realização de obras que estabilizam encostas, além
da elaboração de planos municipais de redução de risco. Para prevenir que esses
acidentes naturais atinjam o homem, é possível ainda realizar um mapeamento
geológico das áreas de risco, que aponta quais locais podem ser ocupados e
como. Por fim, um eficiente sistema de previsão meteorológica e alerta pode
ajudar.
Desenvolvimento sustentável e economia verde
Rio+20 - Parque eólico em Dunas
O tema desenvolvimento
sustentável se relaciona não só com questões ambientais, mas também com áreas
como política, economia e urbanização. Assim, a conhecida economia verde, que
visa o desenvolvimento minimizando danos ambientais e também a erradicação da
pobreza, é um tema atual e dinâmico que pode aparecer no Enem deste ano.
Uma abordagem possível é a que
olha o tema do ponto de vista da urbanização sustentável, que procura lidar com
questões como a emissão de gases nocivos ao planeta, a utilização consciente
dos meios de transporte e a construção de imóveis com menor impacto ao meio
ambiente. “As construções sustentáveis já são uma preocupação de diversas
empresas. O próprio governo se esforçou para que os projetos da Copa do Mundo
incluam essa preocupação”, diz Joel Pontim, professor de química do Cursinho da
Poli.
Um terço da energia utilizada no
mundo é consumida dentro de edifícios e condomínios, e o setor de edificações é
o que mais emite gases poluentes. A construção civil responde por por mais de
um terço do consumo de recursos naturais, incluindo 12% da água potável usada.
Os especialistas consideram que prédios públicos, como escolas e hospitais, são
construções ideais para a aplicação de conceitos sustentáveis, pois podem
aproveitar melhor ventilação e iluminação natural.
Energias alternativas e matriz
energética brasileira
Turbinas de vento, para geração
de energia eólica, instaladas na Prainha do Canto Verde, próximo a Fortaleza,
Ceará
Temas relacionados à geração de
energia, incluindo novas fontes, têm grandes chances de aparecer no Enem.
“Energia constitui uma rede de assuntos que se conecta com conhecimento de
outras áreas. É o caso de física, química, termodinâmica, meio ambiente e
poluição”, diz Joel Pontim, professor de química do Cursinho da Poli.
É importante, então, entender
melhor as vantagens e desvantagens de cada um dos elementos da matriz
energética brasileira, a começar pelo Plano Nacional de Energia, que prevê a
construção de quatro novas usinas nucleares até 2030: se projeto for levado
adiante, Angra 3 deve ser inaugurada em 2015 —Angra 1 e 2 já estão em operação.
É fundamental também compreender
as controvérsias envolvendo a exploração de petróleo nas áreas do Pré-Sal e a
construção da usina de Belo Monte, no Pará — além dos impactos dessas ações no
meio ambiente. A leitura sobre energias alternativas, em desenvolvimento no
Brasil e no mundo, caso da eólica e o bagaço de cana, também são obrigatórias.
O papel do Brasil no mundo
Brasileiro Roberto Azevêdo, que
assumirá posto de diretor-geral da OMC
Figurando no bloco das nações
emergentes, o Brasil ascendeu economicamente sem deixar de lado a redução da
desigualdade social, como apontou o recente Relatório de Desenvolvimento Humano
(RDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) 2013. A
previsão é de que o país, juntamente com China e Índia, respondam em 2050 por
40% da riqueza global.
Outro indicador do prestígio do
Brasil no mundo foi a eleição do diplomata Roberto Azevêdo para o posto de
diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) — ele assume o cargo em
setembro. É a primeira vez na história que um latino-americano alcança o posto
máximo da organização, dedicada a promover o comércio entre nações e resolver
litígios de transações entre elas.
“Como país emergente, o Brasil se
tornou um ator relevante na discussão de questões mundiais”, diz o professor
Rui Alves Gomes de Sá, diretor pedagógico do curso Pré-Enem, da Abril Educação.
Redução da maioridade penal
Suspeito da morte da dentista
Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, na 2º DP de São Bernardo do Campo
A discussão sobre a redução da
maioridade penal para 16 anos voltou à tona em 2013 com o crescimento de
crimes, muitos deles violentos, cometidos por jovens com menos de 18 anos. A
mudança é defendida por políticos como o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), que propõe uma alteração no código do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) — que prevê que um jovem seja considerado culpado por suas
ações apenas depois dos 18 anos. Isso faz com que a privação de liberdade para
menores de idade infratores não supere os três anos.
O debate tem considerado a
realidade de outras nações. Nos Estados Unidos, por exemplo, não existe uma lei
específica sobre idade mínima para prisão; na Irlanda, os adolescentes podem
ser penalmente responsabilizados por qualquer delito a partir dos 12 anos; no
Japão, a partir dos 14. Na Suécia, adolescentes de 15 anos já podem ser presos.
O legado da Copa do Mundo de 2014
Operários trabalham no estádio do
Corinthians em Itaquera, que sediará o jogo de abertura da Copa do Mundo de
2014
A escolha do Brasil como sede da
Copa do Mundo 2014 provocou a desconfiança de muitos brasileiros, que temiam
que as autoridades repetissem erros na preparação de outros eventos. A
apreensão tem se confirmado conforme se aproxima a Copa, com atraso na entrega
de estádios, gasto excessivo de dinheiro público e falta de perspectiva de mudança
na infraestrutura do país.
Obras de mobilidade urbana e de
expansão dos sistemas de transportes públicos, essenciais também para a
realização da Olimpíada de 2016, mal saíram do lugar. O mesmo ocorre com
aeroportos.
“É importante observar aí um
traço da cultura brasileira de deixar tudo para a última hora. Além disso, há
um componente intencional, que provoca superfaturamento de obras e despesas
extras, relegando o interesse público a segundo plano”, analisou Rui Alves
Gomes de Sá, diretor pedagógico do curso Pré-Enem, da Abril Educação. “O maior
legado da Copa deveria ser mudar, para melhor, a vida do brasileiro.”
Tragédias no Brasil e o caso de
Santa Maria
Estudantes da UFSM participam de
uma caminhada em homenagem às vítimas da boate Kiss
O trágico incêndio na boate Kiss,
em Santa Maria (RS), em 27 de janeiro, que fez 242 vítimas fatais, pode motivar
questões sobre falta de planejamento e de observação das leis por parte da
sociedade brasileira. Só depois do episódio é que boa parte das cidades
brasileiras passou a vistoriar casas noturnas e a exigir medidas de prevenção a
incêndios e superlotação. Centenas de vidas poderiam ter sido poupadas se a
fiscalização correta tivesse sido feita.
“Não existe um planejamento para
evitar o acidente. Infelizmente, no Brasil, o normal é esperar que algo
aconteça para só então tomar providências”, diz o professor e diretor
pedagógico Rui Alves Gomes de Sá.
Fonte: Veja
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