Perspectivas para 2014
Tudo indica que assistiremos em 2014 a continuidade de vários conflitos e, possivelmente, o início de vários outros. O mundo não é um lugar pacífico desde tempos imemoriais, embora existam regiões menos violentas espalhadas pelo mundo. Dentre as regiões da periferia, talvez a América Latina e, em especial, a América do Sul, continue sendo uma das mais tranquilas do mundo, mas mesmo por aqui existem conflitos.
O ano mal começou e assistimos ações terroristas na Rússia e no Iraque, país que vive uma realidade muito distante daquela prometida pelos Estados Unidos quando da sua invasão decidida por George W. Bush. Mais violência na China, no Líbano, na República Democrática do Congo, na Cisjordânia, na República Centro Africana, na Síria e por aí afora vai.
A Ásia continua sendo uma região instável e repleta de atores poderosos, com a tensão se expandindo e retraindo a cada momento. O problema da Ásia é que um conflito naquela região fará surtir seus efeitos em várias partes do globo, principalmente em termos econômicos. E há ainda o perigo das armas nucleares: dos nove países detentores de armas nucleares, quatro se encontram na Ásia e eventualmente se estranham (China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte). Além desses, outras duas potências nucleares convergem para aquele continente: Estados Unidos e Rússia.
O chamado terrorismo internacional, principalmente de natureza fundamentalista islâmica, será outro fator de conflito mundial que permanecerá ativo em 2014 e, provavelmente, ainda por muitos anos. A “Al Quaeda” e outros grupos terroristas seguem ativos e se adaptando à guerra assimétrica contra as grandes potências, ocidentais ou não. Veja-se os casos da China e da Rússia, que não conseguem debelar movimentos político-religiosos de minorias em seus territórios.
2014 provavelmente não trará grandes mudanças nos impactos ambientais provocados pelos humanos sobre o planeta. E isso, por si só, já se constitui num grande problema com enorme potencial para provocar conflitos pelo mundo afora. À medida que aumentamos o aquecimento global e os impactos sobre o meio ambiente e não pensamos e, principalmente, não agimos de forma sustentável, muitas áreas do planeta começarão a sentir mais profundamente os impactos dessa nova realidade. Isso resultará em disputas por territórios e recursos e produzirá também novos fluxos de refugiados, todos elementos com grande potencial de despertar novos conflitos.
O ano é novo, mas os problemas são velhos. A comunidade internacional costuma ser muito lenta no enfrentamento dos conflitos gerados pelos humanos. Organizações internacionais como as Nações Unidas são muito importantes, porém são limitadas em termos de recursos e poder. Ainda vivemos num mundo em que a vontade do mais forte prevalece em boa parte dos casos.
Não há muito o que esperar de 2014 no sentido de grandes mudanças para a humanidade. Continuaremos vivendo num mundo repleto de conflitos e de potenciais conflitos e é importante que nossos governantes tenham consciência disso. Por mais pacifista que seja um país, como é o caso do Brasil, os seus governantes devem zelar para que o seu povo esteja preparado para a realidade que vivemos.
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Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com
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